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ASSÉDIO MORAL BANCÁRIO: 2 - MARKETING E DIGNIDADE: ATÉ ONDE IR?

Atualizado: 11 de out. de 2023


Por

Dr. Arildo Nizer, advogado

Dr. David Camargo, advogado


O universo bancário é palco de intensa competitividade e altas demandas. Enquanto metas e objetivos são naturais em qualquer profissão, o setor financeiro muitas vezes caminha por uma linha tênue entre incentivo e excesso, gerando consequências preocupantes para seus profissionais.


A definição de metas é fundamental para impulsionar a produtividade. Contudo, no ambiente bancário, tornou-se comum a definição de objetivos desmedidos, muitas vezes inatingíveis, impactando diretamente na saúde mental e emocional dos bancários.


Um ambiente de trabalho saudável é pautado pelo respeito e profissionalismo. Lamentavelmente, o setor bancário tem se destacado por crescentes denúncias de assédio moral, que pode variar desde a humilhação constante até críticas desproporcionais por parte de superiores.


Marketing e Dignidade: Até Onde Ir?

Em um mundo cada vez mais interconectado e impulsionado pela tecnologia, as empresas estão constantemente buscando formas inovadoras de se destacar no mercado. A competição acirrada e a necessidade de se manter relevante levam muitas empresas a adotar estratégias de marketing que, por vezes, beiram os limites da ética e da dignidade humana. Entre essas táticas, o setor bancário tem se destacado por algumas práticas questionáveis.


No cenário contemporâneo, a responsabilidade social corporativa adquire um papel preponderante. As instituições bancárias não apenas devem atuar em prol da sociedade em geral, mas também garantir um ambiente de trabalho saudável e respeitoso para seus colaboradores. Mais do que remediar, é fundamental que as instituições bancárias adotem medidas preventivas. Isso inclui o investimento em treinamentos, criação de políticas claras de bem-estar no trabalho e estabelecimento de canais eficientes de comunicação entre a gestão e os bancários.


Tomemos como exemplo as chamadas "dancinhas" na web. À primeira vista, esse tipo de abordagem pode parecer uma forma inofensiva e até mesmo divertida de se conectar com um público mais jovem e adepto das redes sociais. Entretanto, quando essas ações são impostas como parte da cultura corporativa, ultrapassam o limite do entretenimento e adentram um território onde a dignidade do trabalhador pode ser posta em cheque. A questão que se impõe é: até que ponto um empregador pode ir para atingir seus objetivos de marketing sem violar os direitos fundamentais de seus empregados?


Para uma verdadeira transformação no setor bancário, é imprescindível a revisão e atualização da cultura organizacional das instituições. Isso significa valorizar e respeitar cada bancário, incentivando um ambiente de colaboração, respeito mútuo e crescimento conjunto. Não se pode esquecer do papel ativo do bancário nesse processo de transformação. Estar informado sobre seus direitos, buscar apoio quando necessário e não se silenciar diante de injustiças são atitudes fundamentais. Unidos e bem informados, os bancários têm o poder de moldar um novo horizonte para o setor financeiro, marcado pelo respeito e equidade.


A dignidade é um dos valores mais fundamentais que qualquer ser humano possui. Ela está intimamente ligada ao respeito, à autoestima e à liberdade. Quando os bancários são submetidos a práticas que os expõem ao ridículo ou que os fazem sentir desconfortáveis, esse valor inerente é comprometido. A consequência não se limita apenas ao momento embaraçoso; reverbera na saúde mental e física do empregado.


Em uma era onde as empresas buscam incessantemente por humanização e empatia em suas relações, é paradoxal que práticas que atentem contra a dignidade humana sejam adotadas. O marketing, em sua essência, deve ser uma ferramenta para construir relações genuínas e de confiança com o público.

Quando usado de forma equivocada, pode não apenas afetar a imagem da empresa, mas, sobretudo, a saúde e bem-estar de quem está na linha de frente, interagindo diariamente com os clientes.


Diante deste cenário, é importante que as empresas reavaliem suas estratégias e assegurem que a dignidade de seus empregados não seja comprometida em nome de táticas de marketing questionáveis.

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Dr. Arildo Nizer é advogado em Curitiba/ Paraná, sócio do escritório ARILDO NIZER & ADVOGADOS, especialista em direito do trabalho;

Dr. David Camargo, é advogado em Campo Mourão/ Paraná, sócio do escritório ADVPREV® - DAVID CAMARGO & ADVOGADOS ASSOCIADOS, especialista em Direito do Trabalho.

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